23 de março de 2021 Desenvolvimento Econômico
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual divulgou hoje um novo relatório afirmando que, nos últimos anos, a inovação em "tecnologia assistiva" para ajudar a superar obstáculos e inconvenientes de ação, visão e outros problemas humanos apresentou um "crescimento de dois dígitos", e sua integração com bens de consumo diários tornou-se cada vez mais comum.
Marco El Alamein, Diretor-Geral Adjunto para Propriedade Intelectual e Ecossistema de Inovação, afirmou: "Atualmente, existem mais de 1 bilhão de pessoas no mundo que precisam usar tecnologia assistiva. Com a crescente tendência de envelhecimento da população, esse número dobrará na próxima década."
O relatório intitulado "Relatório de Tendências Tecnológicas da OMPI 2021: Tecnologia Assistiva" afirmou que, desde o aprimoramento contínuo de produtos existentes até a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de ponta, a inovação no campo da "tecnologia assistiva" pode melhorar significativamente a vida de pessoas com deficiência e ajudá-las a agir, comunicar e trabalhar em diversos ambientes. A integração com a eletrônica de consumo é fundamental para a comercialização dessa tecnologia.
O relatório mostra que, entre as patentes concedidas no primeiro semestre de 1998 a 2020, existem mais de 130.000 patentes relacionadas à tecnologia assistiva, incluindo cadeiras de rodas ajustáveis a diferentes terrenos, alarmes ambientais e dispositivos de suporte em Braille. Dentre elas, o número de pedidos de patente para tecnologias assistivas emergentes chegou a 15.592, incluindo robôs auxiliares, aplicativos para casas inteligentes, dispositivos vestíveis para pessoas com deficiência visual e óculos inteligentes. O número médio anual de pedidos de patente aumentou 17% entre 2013 e 2017.
Segundo o relatório, a tecnologia ambiental e a função de ação são as duas áreas de inovação mais ativas em tecnologias assistivas emergentes. A taxa média de crescimento anual de pedidos de patentes é de 42% e 24%, respectivamente. A tecnologia ambiental emergente inclui auxílios de navegação e robôs auxiliares em locais públicos, enquanto a inovação em tecnologia móvel inclui cadeiras de rodas autônomas, dispositivos de equilíbrio, muletas inteligentes, "próteses neurais" produzidas por tecnologia de impressão 3D e um "exoesqueleto vestível" que pode melhorar a força e a mobilidade.
Interação Humano-Computador
A organização de direitos de propriedade intelectual afirmou que, até 2030, a tecnologia de interação humano-computador apresentará avanços significativos, permitindo que os humanos controlem melhor dispositivos eletrônicos complexos, como computadores e smartphones. Simultaneamente, o controle ambiental e a tecnologia de aparelhos auditivos, ambos dependentes do funcionamento do cérebro humano, também têm apresentado avanços consideráveis nos últimos anos, oferecendo maior auxílio a pessoas com deficiência auditiva. Dentre essas tecnologias, o implante coclear, já bastante avançado, responde por quase metade dos pedidos de patente nessa área.
Segundo a OMPI, a tecnologia de crescimento mais rápido na área da audição é o "equipamento de condução óssea" não invasivo, cujos pedidos de patentes anuais aumentaram 31%, e sua integração com eletrônicos de consumo comuns e tecnologia médica também está se fortalecendo.
Irene Kitsara, Oficial de Informação do Departamento de Propriedade Intelectual e Ecossistema de Inovação da Organização de Propriedade Intelectual, afirmou: "Agora podemos ver que aparelhos auditivos de cabeça aprovados pela FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) são vendidos diretamente em lojas comuns e são vistos como um produto eletrônico que pode beneficiar pessoas sem deficiência auditiva. Por exemplo, a tecnologia de 'condução óssea' pode ser usada em fones de ouvido desenvolvidos especialmente para corredores."
Revolução Inteligente
Organizações de defesa dos direitos de propriedade intelectual afirmaram que ondas semelhantes de "inteligência" em produtos tradicionais continuarão a avançar, como as "fraldas inteligentes" e os robôs de assistência à alimentação infantil, duas inovações pioneiras na área de cuidados pessoais.
Kisala afirmou: "A mesma tecnologia também pode ser aplicada à saúde digital para ajudar a melhorar a saúde das pessoas. No futuro, produtos semelhantes continuarão a surgir e a concorrência de mercado se intensificará. Alguns produtos de alto preço, que até agora eram considerados de nicho e para fins específicos, também começarão a ter seus preços reduzidos.
A análise dos dados de pedidos de patentes realizada pela OMPI mostra que a China, os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão e a Coreia do Sul são as cinco principais fontes de inovação em tecnologia assistiva, e o número de pedidos da China e da Coreia do Sul tem aumentado ano após ano, o que começou a abalar a posição dominante de longa data dos Estados Unidos e do Japão nesse campo.
Segundo a OMPI, entre os pedidos de patente na área de tecnologias assistivas emergentes, as universidades e instituições públicas de pesquisa são as mais proeminentes, representando 23% dos requerentes, enquanto os inventores independentes são os principais requerentes de tecnologias assistivas tradicionais, representando cerca de 40% do total, sendo que mais de um terço deles está na China.
A OMPI afirmou que a propriedade intelectual impulsionou o crescimento da inovação em tecnologia assistiva. Atualmente, apenas um décimo da população mundial ainda tem acesso aos produtos de assistência necessários. A comunidade internacional deve continuar a promover a inovação global em tecnologia assistiva no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e da OMS, e fomentar a popularização dessa tecnologia para beneficiar um número maior de pessoas.
Sobre a Organização Mundial da Propriedade Intelectual
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), com sede em Genebra, é um importante fórum global para a promoção de políticas, serviços, informações e cooperação em propriedade intelectual. Como agência especializada das Nações Unidas, a OMPI auxilia seus 193 países membros no desenvolvimento de um arcabouço jurídico internacional de propriedade intelectual que equilibre os interesses de todas as partes e atenda às necessidades do desenvolvimento social contínuo. A organização oferece serviços empresariais relacionados à obtenção de direitos de propriedade intelectual e à resolução de disputas em diversos países, além de programas de capacitação para ajudar os países em desenvolvimento a se beneficiarem do uso da propriedade intelectual. Ademais, também proporciona acesso gratuito a repositórios exclusivos de informações sobre propriedade intelectual.
Data da publicação: 11 de agosto de 2023
